Portugal acelera a mobilidade elétrica e o autoconsumo: entrevista com Gonçalo Barroso

Com a nova legislação portuguesa para simplificar e impulsionar a mobilidade elétrica, abrem-se novas oportunidades para o setor fotovoltaico. Nesta entrevista com o TSS da Bet Solar em Portugal, Gonçalo Barroso analisamos as principais medidas.
Entrevista com Gonçalo Barroso: “Portugal abre novas portas ao autoconsumo e à mobilidade elétrica inteligente”
Com a recente aprovação, por parte do Governo português, de um novo regime para simplificar e promover a mobilidade elétrica, surgem implicações relevantes para o setor fotovoltaico. Entrevistámos o nosso TSS para Portugal, Gonçalo Barroso, para conhecer a sua análise sobre as medidas anunciadas e o impacto que poderão ter no dia a dia dos instaladores profissionais.
Embora se trate de um passo importante, convém destacar que estaremos num regime transitório até ao final de 2026, sendo expectável que, durante este período, seja publicada a legislação definitiva e esclarecidos alguns pontos que ainda não estão totalmente definidos.
Gonçalo, como avalias, de forma geral, esta nova legislação portuguesa sobre mobilidade elétrica?
Parece-me uma medida bastante progressista. Portugal está claramente a apostar na redução das barreiras de acesso à mobilidade elétrica e a promover a interoperabilidade dos serviços. O mais interessante para quem trabalha com energias renováveis é a inclusão explícita do autoconsumo e da tecnologia V2G (Vehicle-to-Grid), que pode transformar completamente o papel do instalador.
Uma das principais novidades é a eliminação dos contratos obrigatórios com comercializadores (CEME). Que impacto poderá ter isto para o utilizador e para as empresas instaladoras?
Isto simplifica imenso a experiência do utilizador final. Antes, muitos desistiam de instalar pontos de carregamento devido à burocracia associada. Para nós, técnicos, significa que podemos oferecer soluções mais autónomas e com uma implementação mais rápida. Também reduz custos e abre o mercado a mais operadores.
Como pode o novo sistema de pagamento direto influenciar o design e a instalação de pontos de carregamento?
Obriga-nos a trabalhar com hardware mais versátil, compatível com pagamentos eletrónicos como cartões bancários ou aplicações móveis. Já não basta ter um carregador básico – os novos pontos têm de integrar sistemas de pagamento seguros e visíveis. Isto poderá exigir uma especialização técnica por parte dos instaladores, que agora terão de lidar também com tecnologias de comunicação e software.
O regime transitório prevê uma simplificação no licenciamento. Acreditas que isso vai realmente impulsionar a expansão da rede de carregamento?
Sem dúvida. Até agora, muitas instalações eram adiadas durante meses devido à burocracia. A possibilidade de fazer apenas uma comunicação prévia acelera tudo e vai criar mais oportunidades de trabalho para os instaladores locais. Além disso, reduz custos para municípios e promotores.
Qual é a importância da introdução do autoconsumo e do carregamento bidirecional (V2G) neste contexto?
É fundamental. O V2G permite-nos, finalmente, ver o carro elétrico como uma bateria móvel, e não apenas como um consumidor. Se esse carro for carregado com energia solar, estamos a falar de um modelo energético circular. Para nós, técnicos em fotovoltaico, isto abre um mercado enorme: integração de painéis solares, carregadores bidirecionais, baterias domésticas… tudo num sistema inteligente e integrado.
Já existem em Portugal equipamentos que permitam o V2G e se integrem com o autoconsumo fotovoltaico?
Sim, existem fabricantes europeus que estão na vanguarda desta tecnologia, embora até agora o principal entrave fosse o enquadramento legal. Com esta nova legislação, os projetos-piloto podem finalmente evoluir para soluções comerciais. E isso obriga os instaladores a atualizarem os seus conhecimentos em comunicação com a rede, gestão de energia e normas relacionadas com o V2G.
Finalmente, como vês a questão dos créditos de carbono para utilizadores que carreguem com energia renovável? Pode isto criar novas oportunidades de negócio?
Sem dúvida. É uma forma de monetizar o uso de energia limpa e, se for bem estruturado, pode envolver os instaladores no processo de certificação. Por exemplo, assegurando que a instalação fotovoltaica cumpre os critérios para beneficiar desses créditos. Além disso, pode ser um argumento comercial muito forte para convencer clientes.
Que recomendações darias hoje a um instalador fotovoltaico em Portugal que queira adaptar-se a esta nova realidade?
Primeiro, que invista em formação em mobilidade elétrica, especialmente na integração de sistemas. Segundo, que comece a trabalhar com marcas que já disponibilizam carregadores V2G. E terceiro, que estude o novo enquadramento legal e veja como o pode aproveitar para oferecer soluções completas – desde os painéis solares até à gestão energética e aos pontos de carregamento conectados.
Na Bet Solar, temos capacidade para oferecer aconselhamento completo e formações que ajudam o instalador a integrar estas novas soluções no seu portfólio de trabalho.
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